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  • terça-feira, 12 de janeiro de 2016

    PACTO ÁUREO? (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen



    Por que pretexto realizamos esta pesquisa?
    Em verdade, recentemente fomos convidados escrever um texto e proferir palestra no centro dirigido por um amigo cujo tema proposto era “Os 66 anos do pacto áureo”. Admitimos que jamais tinha abeirado tal tema, nem para historiar, nem para interpretar. Acolhemos a solicitação e debruçamos nas diversas fontes disponíveis (orais, livros, jornais, revistas, vídeos etc.).

    Entendemos ser importante informar, antes de expor qualquer juízo sobre o tema, que por longos anos exercemos as funções no cargo de assessor especial dos presidentes das federações espíritas de Mato Grosso e Distrito Federal, portanto, temos experiência e distinguimos relativamente bem algumas propostas de programação visando a organização do movimento espírita sob o ponto de vista da “unificação” do movimento e da “união” dos espiritas. Durante a escavação dos dados históricos,  procuramos avaliar  as minudências dos estatutos da FEB, a estrutura administrativa da direção, as ideologias individuais  de uns e outros administradores e diretores (antigos e atuais).

    Conseguimos entrevistar o ex-presidente Antônio César Perri (vide entrevista na íntegra através do link http://aluznamente.com.br/luz-na-mente-entrevistou-cesar-perri-presidente-da-feb/ ). Ante as suas respostas e fraternal acolhimento ficamos entusiasmados, mormente  com a lucidez e consciência gerencial sobre a dinâmica federativa. César demonstrou nas respostas muita consciência, afetuosa paciência e insólita sapiência. Sim, o presidente da FEB demonstrou ótima retórica nas elocuções doutrinárias, competência de síntese nas explicações fornecidas aos questionários , sobretudo sobre o tema “Roustaing”.

    Através da imprensa espírita fomos acompanhando a gestão do César na presidência da  “casa mãe” até o dia das novas eleições para a presidência.  Conversando com um ou outro da “casa mãe” deparamos que por motivos banais os diferentes membros do “conselho superior” febiano  foram previamente, segundo entendemos, contaminados de  subsídios negativos sobre o procedimento administrativo e a personalidade do presidente. Escutamos aqui e acolá alguns títulos atribuídos ao César , tipo: “arrogante”, “vaidoso”, “prepotente” e paradoxalmente quase todos disseram-me que o presidente era um excelente administrador. Resultado: foi  deliberada de maneira “fraternal e democrática” pela não reeleição do César Perri. Da disputa pelo cargo foi eleito para assumir a presidência  o roustanista Jorge Godinho, um desconhecido do Conselho Federativo Nacional.

    Na oportunidade também entrevistamos o presidente recém eleito (vide entrevista na íntegra no link http://aluznamente.com.br/entrevista-do-recem-eleito-presidente-da-feb-na-integra/ ) e percebemos nas respostas “digitadas” a mim enviadas (via e-mail)  que o presidente designado era recruta nas questões federativas,  portanto sem maiores experiências para arrostar o compromisso federativo da autoproclamada “casa-mãe”.

    Por causa das respostas enviadas a mim (via e-mail) , procedidas do presidente eleito e sabendo que na sede da FEB (em Brasília) há claras divisões e conflitos entre os eternos “donos da basílica”, os “autocráticos” e perenes diretores roustanistas  versus trabalhadores e frequentadores contrários à imposição das reuniões públicas das tradicionais terças feiras consagradas ao “estudo” (lavagem cerebral ?) dos quatro evangelhos do bordelense incauto. Ante esse panorama tão “fraternista” deliberamos catalogar os subsídios históricos sobre a trajetória do Espiritismo no Brasil. Na pesquisa esbarramos com inusitados fatos relacionados à autoproclamada “casa mãe” do “Espiritismo” e a cereja do bolo foi o episódio que culminou inexplicavelmente no tal “pacto áureo”.

    Percorramos a seguir quais foram os caminhos que percorremos e que destino alcançamos.

    Os primórdios do “Espiritismo”

    Segundo  Mary Del Priore , ex-professora de História na Universidade de São Paulo (USP) e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), pós-doutorada na École des Hautes Études en Sciences Sociales, os franceses, radicados ou não entre os brasileiros, principalmente entre o Primeiro e Segundo Reinados, não se dedicaram apenas ao comércio de produtos de consumo de "luxo", mas tiveram grande participação no desenvolvimento da cultura. A eles ficamos devendo não apenas a circulação de livros e jornais em francês, mas as primeiras livrarias e bons encadernadores. A Garnier, casa editora, foi a primeira a publicar a tradução de “O Livro dos Espíritos”, traduzido por Joaquim Carlos Travassos, que se assinava Fortúnio.

    Para Mary Del Priore , entre os franceses, havia o grupo de leitores e adeptos de Kardec. Um dos grandes entusiastas foi Casimir Lieutaud, amigo pessoal de Garnier. Homem de cultura, pedagogo e dono do renomado Colégio Francês, ele logo se interessou pelas experiências efetuadas por Kardec. Em 1860, arriscando seu prestígio de educador, Lieutaud publicou o primeiro livro de divulgação espírita impresso no Brasil: “Os tempos são chegados” (“Les temps sont arrivés”). Foi correspondente de um pioneiro do espiritismo, o baiano Teles de Menezes, a quem incentivava contra as forças conservadoras da Igreja.

    O jornal “Courrier” logo se tornou a correia de transmissão de ideias espíritas: em 1861, Adolphe Hubert, seu editor, admitia sua condição de espírita. A eles se juntou a médium-psicógrafa Madame Perret Collard. Sua adesão seguiu-se a de outros comerciantes, todos intocáveis por sua posição social. Jornalistas e professores franceses revestiam o espiritismo de um halo de progresso. Eles se integraram aos primeiros centros espíritas formados na Corte, a partir dos anos 70. Afinal, o que era bom – livros, roupas vinha da França. Bem educados, burgueses, em boa situação financeira, muitos franceses tinham contato com o palácio imperial e com a fina flor da sociedade. A propaganda espírita atingia “o creme do creme” da sociedade.


    De conformidade com as fontes compulsadas, identificamos os primórdios do movimento precursor do Espiritismo no Brasil nas experiências dos partidários do mesmerismo(). Dentre os seus adeptos, encontramos os médicos homeopatas Benoît Jules Mure (francês) e João Vicente Martins (português). Ambos chegaram ao Brasil em 1840. Havia mais apaixonados pela técnica de Mesmer, a exemplo de José Bonifácio de Andrada e Silva (o “Patriarca da Independência”), igualmente adepto à homeopatia, e Mariano José Pereira da Fonseca (Marquês de Maricá), este último publicou um livro de essência “pré-Codificação espírita” , em 1844.

    O “Espírito” Humberto de Campos (2) explanou em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”(*) que Benoît Jules Mure e João Vicente Martins “fariam da medicina homeopática verdadeiro apostolado. Muito antes da codificação espírita já conheciam os transes mediúnicos e o elevado alcance da aplicação do magnetismo espiritual. Introduziram vários serviços de beneficência no Brasil e traziam por lema, dentro da sua maravilhosa intuição, a mesma inscrição divina da bandeira de Ismael – “Deus, Cristo e Caridade”. Aplicavam aos doentes os passes como um ato religioso. Não o faziam por charlatanismo. Samuel Hahnemann recomendava esse processo auxiliar da Homeopatia. Foram os homeopatas que lançaram os passes, não os espíritas. Estes continuaram a tradição.

    (*) Com atributos de historiador identificamos em “Brasil coração do mundo pátria do Evangelho” distintas e presumíveis interpolações, isto é, percebemos possíveis “adaptações” a partir da psicografia original, desta forma, identificamos um conjunto controlado de informações impostas ao texto de Humberto de Campos. Há indícios evidentes de inserções descontextualizadas nos capítulos, prejudicando inclusive os fatos históricos propostos pelo autor espiritual.

    Dentre algumas interferências externas ao autor, há insofismável evocação da primazia injustificável de uma instituição espírita sobre todas as instituições coirmãs no Brasil. Nada, categoricamente nada, justifica tal hegemonia. O próprio Chico Xavier, que doou de boa-fé para a FEB as suas mais importantes produções psicográficas, mormente na gestão de Guillon Ribeiro,  deliberou  a partir da década de 1960, por livre iniciativa, nunca mais enviar suas psicografias para a “casa mãe”, afastando-se em caráter definitivo  da FEB. Até o ano de 2002 (ano da sua desencarnação) nunca mais o médium mineiro retomou os vínculos com a “cúria candanga”.

    Tal circunstância fez-me recordar uma advertência de Emmanuel contido em A Caminho da Luz, capítulo 16, observemos a coincidência histórica: “A igreja de Roma, que antes da criação oficial do Papado considerava-se a eleita de Jesus, ao arvorar-se em detentora das ordenações de Pedro, não perdia ensejos de firmar a sua injustificável primazia junto às suas congêneres de Antioquia, de Alexandria e dos demais grandes centros da época. Herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares, procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade, modificando as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis e organizando, finalmente, o Catolicismo sobre os escombros da doutrina deturpada. ” (Grifei)

    Nas sondagens históricas houve os que me  afiançaram (na Av. L-2 Norte de Brasília) que o Chico jamais advertiu à FEB sobre as possíveis e alegadas  interpolações em “Brasil coração do mundo...”. Desconhecemos maiores detalhamentos dos bastidores desse intercâmbio entre o médium e a FEB. Há inclusive os que atestam a anuência do Chico sobre a inserção de Roustaing em “Brasil Coração do Mundo” citando supostas correspondências entre o Chico e o Wantuil de Freitas, contidas na obra “Testemunhos de Chico Xavier”. Todavia, descobrimos que foram repassadas para a autora da obra Suely Caldas Schubert apenas algumas fontes secundárias, fragmentos das cartas datilografadas e intencionalmente  selecionadas e elaboradas pelos roustanistas Zeus Wantuil e Francisco Thiesen.

    E mais, forjaram a autenticidade da inserção do Roustaing no livro “bíblia do pacto áureo”, quando diretores da FEB foram ao Chico a fim de que  médium mineiro  “autenticasse” o livro ou a página do capítulo 22 de “Brasil Coração do mundo…” visando corroborar a autenticidade da psicografia original (incinerada pela FEB), porém Chico “autenticou” a possível  interpolação apenas com a “robusta” confirmação: “Com um abraço do servidor menor Chico Xavier”.

    Tornemos aos primórdios do movimento espírita. Foi no Rio de Janeiro que se formaram os precursores do movimento espírita brasileiro, mormente pelo grupo fundado pelo médico e historiador Alexandre José de Mello Moraes, cujos integrantes eram Pedro de Araújo Lima (Marquês de Olinda), Bernardo José da Gama (Visconde de Goiana), José Cesário de Miranda Ribeiro (Visconde de Uberaba) e outros destacados personagens do Segundo Reinado. Há fontes que remontam ao ano de 1845, quando no distrito de Mata de São João, Província da Bahia, foram registradas as primeiras manifestações do “além-túmulo”.
    Destaque-se que alguns fenômenos das mesas girantes que ocorriam especialmente nos Estados Unidos da América e na Europa foram noticiados pela primeira vez no Brasil entre 1853 e 1854 no Jornal do Commércio, Rio de Janeiro, no Diário de Pernambuco, Recife, e em O Cearense, em Fortaleza. Porém, somente a partir de “1860 que encontramos as primeiras publicações espiritistas.”.3

    Na capital do Brasil, as primitivas sessões espíritas foram realizadas na década de 1860, por franceses, muitos deles exilados políticos do regime de Napoleão III de França.4 Desses precursores, mencionamos o jornalista Adolphe Hubert, editor do periódico “Courrier do Brésil”, o professor Casimir Lieutaud5, e a médium psicógrafa, Madame Perret Collard6. O primeiro periódico com trechos traduzidos das obras de Allan Kardec foi “A Verdadeira Medicina Física e Espiritual associada a Cirurgia”, um jornal científico sobre as ciências ocultas e especialmente de propaganda magnetotherapia, publicado de janeiro a abril de 1861 por Eduardo Monteggia.7

    Em 1865 (mesmo ano do lançamento da obra “O Céu e o Inferno”), Luiz Olímpio Teles de Menezes (um amigo e distribuidor das obras de J.B. Roustaing , no Brasil) criou em Salvador o “Grupo Familiar de Espiritismo” (considerada a primeira instituição espírita brasileira). Em 1866, Teles de Menezes publicou o opúsculo “O Espiritismo – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, contendo páginas extraídas e traduzidas de O Livro dos Espíritos. No mesmo ano, na cidade de São Paulo, a Tipografia Literária publicou “O Espiritismo reduzido à sua mais simples expressão”, de Allan Kardec (sem indicação de tradutor).

    Em julho de 1869 (ano da desencarnação do Codificador), Luís Olímpio publicou o primeiro jornal espírita do Brasil – O “Eco do Além-Túmulo”. O “Eco” contava com 56 páginas e chegou a circular em Londres, Madri, Nova Iorque, Paris. Em novembro de 1873 foi fundada em Salvador a Associação Espírita Brasileira (extensão do “Grupo Familiar do Espiritismo”) e, no ano seguinte (1874), alguns membros dessa Associação fundaram o “Grupo Santa Teresa de Jesus”.

    Torteroli , um italiano líder dos “científicos” no Brasil
    Um dos divulgadores da Doutrina dos Espíritos no século XIX foi Afonso Angeli Torteroli, fundador do “Centro da União Espírita do Brasil”, instituição que tinha a intenção de coordenar o movimento espírita brasileiro. Para esse objetivo (união e unificação) Torteroli organizou em 1881, no Rio de Janeiro, o 1º Congresso Espírita Brasileiro. Sob sua influência e liderança, “ocorreu certa oposição ao trabalho da edificação evangélica [roustanista] no Brasil.”8 Torteroli, então líder dos “científicos” (anti-roustanista), investiu contra Bezerra de Menezes  tido como “místico” (neo-roustanista), e sob a liderança do genovês9 ocorreram discordâncias.

    No século passado costumava-se denominar os espíritas que compartilhavam do aspecto científico (anti-roustaing) do Espiritismo de “científicos”. Os que encaravam o Espiritismo como religião ( roustanistas) eram denominados “místicos”. Chegou-se mesmo a denominar espíritas apenas os que aceitavam O Livro dos Espíritos como expressão da Doutrina Espírita, e Kardecistas os que se dedicavam com mais afinco ao estudo das demais obras escritas por Allan Kardec. Essas ramificações não mais existem, pois atualmente emprega-se o vocábulo espírita para identificar os que aceitam o Espiritismo ou Doutrina Espírita como um todo, em seu tríplice aspecto de ciência, religião e filosofia.

    Após a desencarnação de Torteroli, este se manifestou pela mediunidade de Chico Xavier, expressando algum pesar pelas dissenções ocorridas por invigilância de todos [“místicos” roustanistas e “científicos”]. A carta foi psicografada no dia 4 de abril de 1950. Nela o italiano reconhece ter entendido o Espiritismo como ciência e filosofia10 [por causa das alucinações de “Os Quatro Evangelhos”]. Sobre isso, os simpatizantes do “academista” afirmam que a carta psicografada contém conteúdo anímico do médium de Uberaba. Para tais, a posição doutrinária assumida por Torteroli (estritamente “científica” e “filosófica”, portanto antiroustaing) não prejudicou sua militância espírita, tanto no que diz respeito à divulgação da obra de Allan Kardec quanto à prática do assistencialismo.

    Grupo Confúcio
    Reza as tradições do movimento espírita brasileiro que os “Benfeitores” supostamente “sugeriram aos espiritistas brasileiros a necessidade de criar, no Rio de janeiro, um núcleo central das atividades, que ficasse como o órgão orientador [federação] de todos os movimentos da doutrina no Brasil”.11 Tal instituição pioneira foi a Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio, em 1873. Aliás, “Confúcio” aqui não era uma homenagem ao grande filósofo chinês, mas a um Espírito que comparecia há algum tempo nos trabalhos particulares do Dr. Sequeira Dias, sugerindo alguns princípios de moral. Conforme previsto nos estatutos do Grupo, devia seguir os princípios e as formalidades expostos em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns. A divisa da sociedade era: “Sem caridade não há salvação”. Suas atividades incluíam ainda o receituário gratuito de homeopatia e a aplicação de passes aos necessitados.

    Entre os feitos do “Confúcio” providenciou-se a tradução das obras básicas de Kardec para a língua portuguesa, realizada por Fortúnio (pseudônimo do médico Joaquim Carlos Travassos); o lançamento da “Revista Espírita”12, organizada e dirigida por Antônio da Silva Neto, constituindo o segundo periódico espírita do Brasil e o primeiro do Rio de Janeiro. Na Revista Espírita foram publicados artigos doutrinários e de refutação aos oponentes da Doutrina, duramente atacada pelo “Jornal do Comércio”, nos anos de 1874/5, que tachava o Espiritismo de “epidemia mais perigosa que a febre amarela”, “verdadeira fábrica de doidos”13. Ao “Confúcio” deve o Espiritismo brasileiro os serviços de tradução das obras de Kardec e assistência gratuita homeopática.

    Ainda sob o guante da tradição o “Grupo Confúcio” tornou-se o embrião da autoproclamada “casa-mãe” dos espíritas no Brasil, “constituindo [supostamente] a base da obra “tangível” do suposto “espírito” “Ismael” (nome criado animicamente e alcunhado pelo “médium” Frederico Junior), na terra brasileira”14. No grupo participavam, entre outros roustanistas”, Bittencourt Sampaio, Joaquim Carlos Travassos, Francisco de Siqueira Dias Sobrinho, Antônio da Silva Neto, Casemiro Lieutaud. Todos lutaram contra a opinião anti-roustanista, contra o insulto, sobretudo, contra as ondas de dissensões”.15

    Diversos grupelhos espíritas
    Ao “Grupo Confúcio” seguiu-se a Sociedade de Estudos Espíritas “Deus, Cristo e Caridade”, criado em 1876.16 “Sob a direção de Bittencourt Sampaio, que juntamente com Bezerra de Menezes17, tivera a sua tarefa previamente determinada no Alto. A ele se reuniu outro  roustanista, Antônio Luiz Sayão, em 1878, para a imposição do livro de Roustaing nas terras do Cruzeiro. Foram reorganizadas as energias existentes, para fundarem em 1880 a “Sociedade Espírita Fraternidade”, com a qual se carregava o lema do estandarte do emissário do Divino Mestre”.18 Nesse contexto (1880), Antônio Luís Sayão fundou, com os  roustanistas Frederico Pereira Júnior, João Gonçalves do Nascimento, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e outros, o chamado “Grupo dos Humildes”, popularmente conhecido como “Grupo do Sayão”, e posteriormente a confraria veio a chamar-se “Grupo Ismael”. A ele juntou-se Bezerra de Menezes, Frederico Júnior, Domingos Filgueiras, Pedro Richard e outros.

    Naquela época, era uma verdadeira epidemia a criação de grupelhos espíritas. O confrade Pedro Richard descreveu que “no século XIX os espíritas, ou por discordância de ideias, ou por criminosa pretensão, criaram considerável número de grupos [facções], cujos membros, em sua maioria, desconheciam os preceitos mais rudimentares da Doutrina. Qualquer espírita formava um grupo, só para satisfazer a vaidade de dar-lhe por título um nome que ele venerava. De grupos produtivos apenas se contavam alguns, em número por demais reduzido.”.19

    Federação espírita brasileira
    Em 1883, Augusto Elias da Silva, fotógrafo português radicado no Brasil, lança, com seus próprios recursos financeiros, o informativo “Reformador”. No ano início do ano  subsequente, em reunião em que participaram Francisco Raimundo Ewerton Quadros, Manoel Fernandes Filgueiras, João Francisco da Silveira Pinto, Maria Balbina da Conceição Batista, Matilde Elias da Silva, Luis Móllica, Elvira P. Móllica, José Agostinho Marques Porto, Francisco Antônio Xavier Pinheiro, Manoel Estêvão de Amorim e Quádrio Léo, foi proposta a criação da Federação Espírita Brasileira. A partir desse projeto, “as divergências tenderam a diminuir , para que a fleuma voltasse a todos os centros de experimentação e de estudo.”20

    A primeira diretoria da FEB foi composta por Ewerton Quadros (presidente), Domingos Filgueiras (vice-presidente), Silveira Pinto (secretário), Augusto Elias da Silva (tesoureiro), e Xavier Pinheiro (arquivista). Em 1895, Bezerra de Menezes assumiu a presidência e imprimiu à Instituição a orientação doutrinário-evangélica (lamentavelmente com ênfase nos quatros evangelhos). O “Grupo Ismael” acompanhou Bezerra, apoiando-o na direção da federação e integrando-se a ela. Paulatinamente, todos os grupos afinados com a filiação ideológica roustanista foram-se reunindo em torno da FEB.

    Recordemos os nomes dos presidentes da FEB
    À guisa de ilustração, registramos aqui na sequência os nomes dos presidentes da FEB (após Ewerton Quadros e Bezerra de Menezes) são eles: Dias da Cruz, Leopoldo Cirne (apresentou o trabalho “Bases de Organização Espírita em 1904”, estimulou a fundação de Federações Estaduais e em 1913 inaugurou a sede Histórica no Rio de Janeiro, na Av. Passos)21, Aristides Spínola, Manuel Quintão, Guillon Ribeiro, Luiz Barreto, Paim Pamplona, Antônio Wantuil de Freitas ( permaneceu 27 anos no cargo, formalizou o “pacto áureo”22, instalou o Conselho Federativo Nacional da FEB. Durante sua gestão foi efetivada a “Caravana da Fraternidade”), Armando de Assis (criou os Conselhos Zonais do CFN e inaugurou as dependências da FEB em Brasília), Francisco Thiesen (transferiu o Conselho Federativo Nacional e a sede da FEB para Brasília, transformou os Conselhos Zonais em Comissões Regionais),  Juvanir Borges de Souza, Nestor Mazotti e Cesar Perri, Jorge Godinho.

    A arrumação de um “pacto”
    No início do século XX surgiram vários líderes do Espiritismo, entre eles: Batuíra, Cairbar Schutel e Eurípedes Barsanulfo. No meado de século, Deolindo Amorim fundou o Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB) e atuou na Liga Espírita do Brasil (patrocinadora do II Congresso da CEPA), realizado no Rio, em 1949. Na década de 1940 o movimento espírita paulista começou a se organizar através de congressos e concentrações de mocidades espíritas. Leopoldo Machado foi um dos grandes incentivadores das mocidades espíritas. Toda essa movimentação doutrinária culminou com a criação, em 1947, da União Social Espírita (atual USE).23

    As três primeiras décadas do século XX foram caracterizadas por abertas batalhas no âmbito do movimento espírita brasileiro  em busca de sua organização e ambição pela hegemonia do mesmo. Destacamos como grande exemplo das lutas deste período, os embates entre a FEB e a “Liga Espírita do Brasil” , fundada em 31 de março de 1926, durante o Primeiro Congresso Constituinte Espírita Nacional, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Posteriormente denominada: Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro. Ambas instituições (FEB e a LIGA) com o desígnio de unificar o movimento espírita no território nacional. A FEB tinha mais instituições adesas e avançou mais nesse escopo.

    O ponto instigante do processo unificacionista ocorreu na década de 1940,  caracterizado pelo crescimento em importância e influência por parte das federações dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Todas convocaram encontros e congressos buscando a unificação do movimento tanto a nível estadual como em domínio nacional. Com a consolidação da União Social Espírita, em São Paulo, a nova federativa convocou em 1948 o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado de 31 de outubro a 5 de novembro, com a participação de 16 Estados, por conseguinte, 1 ano antes do “pacto áureo”. Portanto a consolidação do “pacto áureo” foi antecedida por vários eventos, a saber:  fundação da Liga Espírita (1926), fundação da USE (1947), Congresso Espírita Brasileiro de Unificação (1948), I Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil (1948) e o II Congresso da CEPA (1949).

    Decorridos várias décadas do adventicíssimo “pacto áureo”, ainda hoje se ouvem vozes coerentemente discordantes, motivo pelo qual retrocedemos ao evento histórico , a fim de identificarmos o ideal que animou aqueles espíritas na busca da “unidade doutrinária”. E para descrever o “Pacto”, não há como esquivar de citar o episódio ocorrido no início de outubro de 1949. Realizava-se no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, o II Congresso Espírita Pan-americano – à revelia da Federação Espírita Brasileira. Participavam desse conclave vários confrades que no congresso da USE defenderam a proposta de fundar-se a Confederação Espírita Brasileira. Pois esses mesmos confrades, após uma reunião no Hotel Serrador com Carlos Jordão da Silva, dirigiram-se à Federação Espírita Brasileira – sem nada revelar aos demais companheiros que se encontravam no Congresso Pan-americano (com o objetivo de terem uma conversa sigilosa com Wantuil de Freitas). Lins de Vasconcelos fora incumbido de promover o encontro. Leopoldo Machado, que estava, casualmente, na porta da livraria da FEB, acompanhou-os displicentemente. Eram três horas da tarde (isso mesmo! 15 horas) do dia cinco de outubro de 1949.

    Participavam desse evento alguns confrades que no congresso da USE defenderam a proposta da criação de uma “Confederação Espírita Brasileira”, pois se avaliava no contexto que as articulações doutrinárias da FEB nada mais eram do que de um Centrão-Laboratório, e não uma federativa aglutinadora. A propósito, sobre isso, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul , a qual teve sustada sua adesão à FEB por aderir ao congresso espírita de São Paulo e apresentar uma tese propondo a criação da Confederação Espírita Brasileira capaz de ordenar e coordenar com eficiência os trabalhos de unificação do movimento doutrinário .
    Quanto à FEB, na proposta gaúcha, restringiria sua ação apenas ao Rio de Janeiro. A ideia era vigente porque nesse mesmo congresso a União Espírita Mineira propusera a criação de uma Confederação Nacional do Espiritismo e a tese da USE apoiava a proposta da Federação Espírita do Rio Grande do Sul – proposta que não saiu do papel, morreu com o congresso, mas como a mitológica Fênix poderia ressuscitar de suas próprias cinzas. Tenho a convicção que um dia isso vai ocorrer, seja mais cedo ou mais tarde. Confesso que alimento um sonho de ver a criação de uma legítima COMISSÃO CENTRAL (alvitrada por Kardec) que fique bem afastada do atual e suntuoso centrão espírita localizado na Av. L-2 Norte.

    A “Grande Conferência Espírita” imposta por Wantuil de Freitas foi muito embaraçosa e grotesca! O titular da FEB “ouviu” os confrades, um por um. Depois foi contundente ao tirar do bolso e infligir uma surrada agenda “áurica”, propondo um novo Conselho Federativo “Nacional”. Tal entidade (CFN), além de umbilicalmente ficar vinculado à Federação Espírita Brasileira, seria presidido pelo próprio “proprietário” da FEB. E mais, cada federação estadual deveria apresentar uma lista tríplice com o nome de candidatos para que  Wantuil de Freitas escolhesse um para representá-la no CFN. A Liga Espírita do Brasil deixaria de ser federativa nacional e sua atuação não ultrapassaria os limites do Estado do Rio de Janeiro e a sigla deveria sofrer alteração.

    O patético da situação é que nenhum dos itens expostos por Wantuil de Freitas foi contestado pelos pactuantes que subscreveram a leonina ata da “Grande conferência espírita do Rio de Janeiro”: Wantuil de Freitas (FEB); Lins de Vasconcelos (Liga); Vinícius e Carlos Jordão da Silva (USE); Bady Cury e Noraldino de Melo Castro (União Espírita Mineira); João Ghignone e Francisco Raitani (Federação Espírita do Paraná); Oswaldo Melo (Federação Espírita Catarinense); e os confrades da Federação Espírita do Rio Grande do Sul: Felisberto Peixoto, Jardelino Ramos e os autores da tese propondo a fundação da confederação: Roberto Pedro Michelena, Marcílio Cardoso de Oliveira e Francisco Spinelli.
    A proposta dessa agenda pré-elaborada com anuência sem maior amadurecimento dos compartes, foi firmada a 5 de outubro de 1949,24 e posteriormente Artur Lins de Vasconcelos Lopes (vice-presidente da Liga) batizou com o aparatoso título de “pacto áureo”.

    Um livro, uma tática, uma paródia  histórica
    O zurzido “Pacto não DISCUTIDO” foi uma agenda com dezoito itens, sendo que no primeiro constava: “Cabe aos espíritas do Brasil colocarem em prática a exposição contida no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Aqui abrimos um parêntese por entendermos que neste dispositivo houve uma proposição passível de consequência indesejável, considerando o foco da unidade entre os espíritas. Ora, o mais razoável seria constar no primeiro item que os espíritas colocassem em prática a exposição contida no Evangelho Segundo o Espiritismo, de maneira a acelerar e consolidar a marcha evolutiva do Evangelho.

    Dizem que os pactuantes temiam a CEPA que suprimira o Cristo dos seus cânones ideológicos.  Há os que dizem que  a adoção do livro Coração do Mundo Pátria do Evangelho, pode ter dois pretextos, o primeiro porque um grupo dos que discutiram a questão queria adotar “Os Quatro Evangelhos”, o segundo porque os “partidários” da CEPA (Confederação Espírita Pan-Americana )  não aceitavam e nem aceitam o Evangelho Segundo O Espiritismo, nesse caso ,portanto,  o livro de Humberto de Campos estaria na linha de equilíbrio e colocava o Brasil uma posição central da expansão do Evangelho.

    Será mesmo? Foi isso que os levou a assinar sem discussão o pacto do qual  Herculano Pires batizou de “bula papalina”? Ou será que o excesso de misticismo criara sentimento de culpa e os pactuantes passaram a admitir infalibilidade no presidente da FEB? Ou será que a presença autocrática de Wantuil (que foi uma espécie de “único dono” da FEB) teria entorpecido a consciência dos signatários ? Ou será que careciam todos os pactuantes de maior amadurecimento doutrinário? Uma coisa, porém, temos certeza absoluta: se Herculano Pires, Deolindo Amorim, Júlio Abreu Filho tivessem participado da “encantada” reunião febiana de 1949 outro teria sido o rumo das definições doutrinárias para o Brasil.
    Pois é! Volvamos aos signatários do Pacto que concluíram sem melhor DEBATE e maturação de que o livro Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho continha dados interessantes e demonstrava qual seria a missão do Espiritismo no Brasil. Porém os pactuantes não se preocuparam com os detalhamentos ufanistas e controversos do livro, talvez aí o “X” da questão.

    Não levantamos este ponto para contestar os conteúdo originais da obra (os que não foram alterados por agentes externo ao texto legítimo). Infelizmente é difícil provar fisicamente a interpolação porque a psicografia original foi incinerada pela FEB. Urge ressaltar aqui que amamos a literatura de Humberto de Campos (sem as inserções febianas, é óbvio!), e tem mais, urge apartar bem as coisas, pois a ingênua entronização de Roustaing pelo suposto “autor espiritual” contraria o pensamento de Kardec contido no Cap. XV da obra A Gênese.
    Sobre Os Quatro Evangelhos, historicamente chegou ao Brasil muito cedo, (via Luiz Olímpio Telles de Menezes, que era amigo de Roustaing e encerrava um pacto de revenda da obra no Brasil) quase ao mesmo tempo que os livros de Kardec. Os espíritas “místicos” à frente dos quais se achava– Bittencourt Sampaio – tomaram “Os Quatro Evangelhos” como vade-mécum e o levaram à altura de última palavra sobre a doutrina de Jesus.

    Considerando que inexistiam maiores quantidade de livros espíritas para serem lidos à época, o livro do advogado de Bordeaux apresentava para os neófitos de Kardec, o mesmo valor doutrinário de “O Livro dos Espíritos”, isto é, ambos atribuíam o que estava escrito a uma revelação ditada. Mas os  roustanistas concebiam ter sobre a obra de Kardec uma “vantagem”, ou seja, todas as explicações de “Os Quatro Evangelhos” eram dadas como advindas supostamente dos próprios “evangelistas”, assistidos pelos “apóstolos”, e estes, a seu turno, assistidos por “Moisés”. Os roustenistas dispensaram as provas, o bom senso, a lógica kardeciana. Contentaram-se com a presunção de boa-fé sob ausência de maior bom senso.

    Se fossem mais prudentes perceberiam ,sem muito esforço de raciocínio, que o autor de “Os Quatro Evangelhos” , afirma na sua UNICA obra literária editada pela FEB , no  volume  III , na pág. 65 e 66 que “A  Igreja católica  terá a sua verdadeira significação, pois que ela estará em via de tornar-se universal, como sendo a Igreja do Cristo, o chefe da Igreja católica, dizemos, será um dos principais pilares do edifício. Quando o virdes, cheio de humildade, cingido de uma corda e trazendo na mão o cajado do viajante, podereis dizer: “Começam a despontar os rebentos da figueira; vem próximo o estio“.

    Os Quatro Evangelhos” que defende a tese da INVOLUÇÃO ou metempsicose (quando menciona um tal de criptógamos carnudos);  defende o PANTEISMO (uma espécie de monismo plotínico e ubaldiano) , Roustaing que afirma a absoluta DESNECESSIDADE DA REENCANAÇÂO, além de defender o caduco e antiquíssimo DECETISMO (a Gnose do Cristo APARENTE). Recordemos que  Kardec jamais admitiu tais miragens (Vide RE 1867, 1868 e 1869 e principalmente A Gênese Cap XV).

    O rustanismo conseguiu assim, graças a pouca discussão mais inteligente, ganhar adeptos entre os “místicos”. Se jamais os prepostos, e muito menos o seu líder, afirmaram que na obra de Roustaing estava o verdadeiro sentido da vida e doutrina de Jesus, também omitiram assertiva em contrário. Acreditavam, talvez, se tal fizessem, perderiam o tempo e apagariam a leve chama de uma fé doutrinariamente insipiente, que cumpre alimentar cuidadosamente. A obra de Roustaing concorreu e ainda concorre para dividir os espíritas (pelos menos dentro da própria sede da FEB na Av. L-2 norte de Brasília) e criar dificuldades invencíveis à desejada harmonia de vistas.

    Como vemos, foi uma estratégia precipitada do suposto autor espiritual, a nosso ver, citar o emblemático João Batista Roustaing como “organizador” do trabalho da “fé espírita” ao lado de um Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos. Óbvio que não houve critério mais acurado, segundo cremos. E afirmamos isso de forma pacífica e bem à vontade, pois Humberto de Campos é o responsável espiritual do grupo mediúnico que dirigimos há muitos anos no Posto de Assistência Espírita (Vide) o link http://paespirita.blogspot.com.br/2016/01/roustaing-sob-otica-de-jose-passini.html

    A questão é que o suposto “Humberto de Campos” evoca “as tradições do mundo espiritual”, conforme o próprio autor espiritual assevera na Introdução do livro “Brasil, coração do mundo…”. Obviamente esse argumento de “tradições de além” não esclarece, e sequer abona, as ingerências da obra. E isso fica claro se compararmos o livro “Brasil, coração.do mundo…” com “Crônicas de Além-Túmulo” e “Boa Nova” de autoria do mesmo Espírito, nos quais Humberto de Campos utiliza de algumas informações obtidas das chamadas “tradições do mundo espiritual”, mas sem cometer os vários lapsos presentes em “Brasil, Coração do Mundo…”. A propósito da obra “Crônicas de Além-Túmulo” no capítulo 21 intitulado “O Grande Missionário” , publicado antes de “Brasil, coração.do mundo…”, são citados como colaboradores de Allan Kardec somente os missionários Camille Flammarion, Léon Denis e Gabriel Delanne, sem nenhuma menção a Roustaing. Isso indica desconfiada interpolação ingênua na obra “Brasil Coração do Mundo…”

    Mauro Quintella , um amigo de longa data, em “BREVE HISTÓRIA DA UNIFICAÇÃO - DE TORTEROLI A THIESEN”, afirma que logo pós o pacto áureo, dois periódicos assumiram posições contrárias ao evento: “O Poder” e “Almenara”. O primeiro fundado em Belo Horizonte por Arlindo Correia da Silva, no ano de 1947. Arlindo Silva foi um dos primeiros a criticar o Pacto, através de uma série de artigos contra o novo plano federativo em 1952, ficando conhecido no meio espírita, por ser o responsável pelo trocadilho “Pato Áureo” utilizado até os dias de hoje quando se quer subestimar o inusitado acordo. O Almenara foi fundado no Rio de Janeiro, em 1952, por Antônio Pereira Guedes e possuía uma linha editorial ainda mais combativa em relação ao pacto. Por cerca de oito anos, esse jornal advertiu continuamente contra a FEB, o CFN e a adoção da obra de Roustaing.

    Duas entrevistas, dois presidentes, dois comentários desiguais
    Há alguns anos entrevistamos o circunspecto  Cesar Perri, ex-presidente da FEB, e indagamos se diante da clara divisão que existe no Movimento Espírita, algumas vezes manifestada em posturas radicais, como a FEB deveria conduzir clara e publicamente o tema Roustaing. Que iniciativas faltavam para apaziguar ânimos? Perri respondeu o seguinte: “Nós já vivemos momentos bastante delicados no Movimento Espírita, que eu acompanhei muito de perto. Sobrevieram momentos muito complicados em algumas gestões. Houve nessa interconexão um momento em que o presidente Thiesen decidiu junto com o CFN que a base dos trabalhos federativos é a obra de Allan Kardec, e isso tem sido seguido até hoje. Nessas condições, fica muito claro que o CFN em termos de movimento nacional trabalha com a obra de Allan KardecRespeitamos perfeitamente e convivemos com pessoas que gostam e estudam a obra de Roustaing, mas não usamos isso como ponto de atrito ou desunião; procuramos buscar hoje o ponto de convergência, e esse eixo de estabilização do Movimento Espírita é a obra de Kardec. As obras de Roustaing, embora continuem sendo republicadas, e ainda constem do catálogo da FEB, não há mais sua divulgação, por exemplo, nas páginas da Revista Reformador, e essa foi uma decisão adotada em gestões anteriores, mas respeitamos aqueles que pensam ou que adotam as obras de Roustaing.25

    Perguntamos ao atual presidente da FEB, o roustanista Jorge Godinho, se o “pacto áureo” ainda pode ser avaliado como o grande marco da Unificação. Godinho respondeu que o pacto áureo é a expressão mais lúcida de entendimento e concórdia entre os espíritas, que podem divergir nas discussões das ideias, mas que não devem fazer da divergência motivo de discórdia, intolerância e incompreensão. O pacto áureo veio compatibilizar a vivência da Doutrina dentro do princípio da liberdade, sem jamais deixar de considerar o amor fraterno, a união e a Unificação. Ele foi e será sempre o grande marco da Unificação que consolidou os esforços iniciais de Bezerra de Menezes.

    Em seguida indagamos ao Godinho se o livro inspirador do “Pacto” -“Brasil coração do mundo…” conseguirá “UNIR” o Movimento Espírita Brasileiro ?
    Godinho pronunciou que o Livro “Brasil coração do mundo, pátria do evangelho” veio esclarecer as origens remotas da formação da Pátria do Evangelho com informações colhidas nas tradições do mundo espiritual e se destina a explicar a missão do Brasil no mundo moderno. Dessa forma, quando folheamos suas belas páginas e verificamos que o Brasil está destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta e a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e fé raciocinada fica a dedução lógica de que essa tarefa não pode ser uma obra individual ou de personalismos incabíveis, mas daqueles que se propõem a estarem unidos e unificados no Evangelho do Senhor.

    Naquele contexto inquirimos ainda se diante da clara divisão que existe dentro da sede da FEB e no Movimento Espírita, muitas vezes manifestada em posturas radicais, como a FEB deve conduzir objetiva e publicamente o tema Roustaing? Que iniciativas faltam para apaziguar ânimos?

    Godinho alegou que não devemos esquecer que no Capítulo 22 do Livro “Brasil Coração do mundo pátria do evangelho”, o espírito Humberto de Campos narra que Jesus destacou um dos Seus grandes discípulos, Allan Kardec, para vir à Terra com a tarefa de organizar e compilar ensinamentos que seriam revelados, oferecendo um método de observação a todos os estudiosos do tempo e que o grande missionário, no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de João Batista Roustaing, que organizaria o trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando assim na codificação kardeciana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos.

    Em seguida questionamos ao atual presidente da FEB se as obras de Roustaing permanecerão sendo republicadas? O titular da FEB afirmou que sim e que jamais a FEB deixou de publicá-las, desde a sua primeira edição. Não podemos olvidar que Allan Kardec, dentro da lucidez e do espírito de grandeza que o caracterizam afirmou: proibir a leitura de um livro é dar mostras de que o tememos. A Doutrina Espírita é, por natureza, a doutrina da liberdade, da livre-escolha, nada impõe, nada proíbe. O apóstolo Paulo já recomendava em seu tempo: lede tudo e retende o que for bom.

    Tornemos ao tal “pacto áureo”. Na cláusula segunda do “Acordo do Rio de Janeiro”  ficou decidido que a FEB criaria um Conselho Federativo Nacional permanente, com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os planos da sua Organização Federativa. Com efeito, em janeiro do ano seguinte instalou-se o Conselho Federativo Nacional (CFN), congregando os representantes das Federações Espíritas Estaduais signatárias com o objetivo de promover e trabalhar pela “união” dos espíritas e pela “unificação” do Movimento Espírita.26 Em verdade, Com a instalação na FEB do Conselho Federativo Nacional   houve a primeira eclosão dos instintos vaticanistas. O CFN começou a baixar bulas papalinas sobre questões doutrinárias, a conceder licenças para realização de concentrações e congressos e a negar aos jovens o direito de deliberar em seus movimentos, etc.

    Caravana da “fraternidade”
    Para a tentativa de união dos espíritas , durante a década de 1950, houve um trabalho de convencimento junto às entidades espíritas sobre a importância e as diretrizes da tarefa de organização e unificação do movimento espírita brasileiro. A tarefa coube ser realizada, principalmente, pela chamada “Caravana da Fraternidade”. Em 31 de janeiro de 1950, o grupo “fraternista” (27) partiu do Rio de Janeiro com destino a Salvador, e depois a todas as capitais dos 11 Estados do Nordeste e Norte do país. Dentre os planos da missão estavam as finalidades da maior “aproximação dos espiritistas”, visando o ideal da “unificação social” da Doutrina, da divulgação cultural do Espiritismo na sociedade laica e estímulo às obras de assistência social. 

    Entretanto, a rigor, o Conselho Federativo Nacional, como vimos alcunhado de “pacto áureo”, que, a bem da verdade , não passou e não passa de um  bucólico e inexpressivo   departamento da Federação Espírita Brasileira, sem maior significância, sem poderes sequer de compor o “conselho superior” da cúria candanga, sem autorização  para eleger o próprio presidente da “casa mãe”. Coisa de brasileiro mesmo! Hoje a burocrática reunião do CFN só serve para as populares palestras distritais do octogenário Divaldo.

    Os espíritas estamos unidos?
    Dez anos após o irrisório  “Pacto” foram realizados Simpósios Regionais e alguns congressos para endinheirados , na tentativa de “união” e “unificação” do Movimento Espírita Brasileiro. Atualmente o CFN reúne-se ordinariamente uma vez por ano na sede da “basílica” da FEB em Brasília, durante três dias, para tratar de assuntos burocráticos (leituras fadigosas de relatórios de atividades regionais). Como diria Herculano Pires , “o metro que melhor mediu Allan Kardec”, não há como deixar de reconhecer que firmado o pacto com a FEB, as federativas submeteram-se ao Conselho Federativo Nacional e através dele a “casa mãe” começou a baixar bulas papalinas sobre a Doutrina e decretos cardinalícios sobre a organização do M.E.B.

    No princípio do processo “unificacionista” houve atritos sérios da FEB com Federações estaduais, contudo o pacto continua em vigor. Um contra-senso evidente. O movimento livre das federativas entregou-se à FEB, retornou ao jugo da carne, segundo expressão do apóstolo Paulo aos hebreus (cristãos judaizantes). As estruturas abalaram e as antigas federativas suicidavam-se num pacto imposto, entregando-se atualmente aos rabinos do templo candango, ou se desejarem, entregando-se aos bispos da cúria brasiliense.

    Seguindo o pensamento herculanista urge reconhecer que para o verdadeiro trabalho de unificação espírita é indispensável a luta constante em favor do esclarecimento doutrinário dos próprios espíritas. Não alimentemos ilusões a respeito. Se cuidarmos apenas do aspecto externo da unificação, da reunião pura e simples de organismos menores em torno dos maiores, estaremos sujeitos a cair na arapuca do formalismo e do autoritarismo. Não é finalidade do Espiritismo criar na Terra uma nova igreja ou uma nova “ordem oculta”, com sacerdotes ou graus-de-iniciação. A tarefa do Espírito de Verdade é semear nos corações a semente do Reino de Deus e emancipar espiritualmente os homens de todas as sujeições inferiores, pois somente num clima de liberdade aquela semente conseguirá germinar, crescer, florescer e dar frutos.

    O maior empecilho para uma verdadeira unificação do movimento espírita é a existência de uma série de numerosas interpretações pessoais da doutrina, formando pequenos quistos que prenunciam futuros cismas. A vaidade humana e a generalizada ignorância da verdadeira estrutura filosófica da doutrina alimentam sem cessar essas dissidências em gestação. Precisamos, por isso mesmo, estabelecer as linhas do pensamento doutrinário sempre de maneira bem clara, alertando os que realmente desejam ser espíritas, contra os atalhos do caminho.

    As obras de Allan Kardec são o alicerce irremovível da III Revelação. O codificador desempenhou a sua missão terrena da maneira mais completa possível. O verdadeiro espírita deve ter, ou esforçar-se continuamente para ter, o conhecimento completo da codificação kardeciana, orientando-se por ela, no movimento espírita, como o marinheiro se orienta pela bússola em alto mar. Toda a estrutura da Doutrina dos Espíritos encontra-se nas obras de Kardec. Elas podem ser desenvolvidas, como o próprio codificador o disse. Denis, Delanne, Bozzano, Flammarion e outros fizeram em suas obras esse desenvolvimento. Outras verdades também podem ser reveladas, e Kardec foi o primeiro a nos advertir disso. Mas o ponteiro da bússola está nas suas obras. E assim como as velhas escrituras eram a única pauta para se verificar a legitimidade do Novo Testamento, assim como os Evangelhos são o único crivo pelo qual podemos legitimar a III Revelação, assim também a Codificação kardeciana é o único instrumento de que dispomos para nos orientar no desenvolvimento do Espiritismo.

    E tem mais, o hilário da história é que o significado da palavra “pacto” apelidado no acordo de 1949 não faz jus ao evento.  Compulsando o dicionário para buscar o sentido do termo  “pacto” encontramos os seguintes significados: “ajuste, contrato, convenção entre duas ou mais pessoas; Etimologia: lat. pactum, i’ajuste, acordo, convenção”.  Ora, na significação aqui proposta pelos dicionaristas será que um pacto pode ser coercitivo, imposto, obrigado?
    O que se observa no Movimento Espírita no Brasil  é um sistema federativo unilateral da FEB se impondo como a poderosa instituição possuidora da maior chancela doutrinária e procurando atuar no campo espírita como porta-voz autorizada (por Jesus ? por Kardec ? por Humberto de Campos ?) 

    Em virtude desse grave equívoco histórico e daqueles  que são contrários a atual situação quando  todos se curvam à “supremacia” febiana, é que indagamos , até quando será imposta a hegemonia da FEB no Brasil? Precisamos de fraternidade, solidariedade, trabalho e tolerância e não de sujeição passiva a pretensas autoridades doutrinárias que se arrogam o direito de dirigir o movimento espirita brasileiro.

    É justo informar que salvo engano todas as Entidades que, direta ou indiretamente integram o CFN (Entidades Federativas Estaduais, Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, Centros e demais Sociedades Espíritas), não adotam as obras de Roustaing, mantêm a sua “autonomia vigiada”, independência restrita e liberdade de (re)ação ( meno male– menos mal).

    Urge refletir

    As advertências dos Benfeitores do além são evidentes.  Os Bons Espíritos  permitiram o fechamento do parque gráfico da FEB no Rio de Janeiro, e isso foi uma debacle econômica gigantesca (houve um prejuízo de alguns milhões de reais) . Esse aniquilamento financeiro  é , sem sombra de dúvida, uma intervenção do Cristo.

    Resultado: Hoje em dia temos que ver as publicações das obras de Kardec e Chico Xavier através da ed. “Planeta”, uma editora recém contratada pela FEB. Para quem não sabe, a editora planeta não tem nenhum compromisso com o Evangelho. É uma empresa laica que visa exclusivamente o ganho financeiro (o lucro pelo lucro) e para isso publica qualquer livro, inclusive aqueles de apelos obscenos e pornográficos….

    Que tristeza! Jesus, Kardec e Chico Xavier, Humberto de Campos não mereciam isso!  Oremos muito, mas muito mesmo!
    Perdão , Jesus! Rogamos-Te Perdão...


    Notas e referências bibliográficas

    1 Técnica terapêutica criada pelo médico vienense Franz Anton Mesmer ( 1734-1815), que consiste em utilizar o "magnetismo animal" como fonte de tratamento de saúde. Assemelha-se, como técnica, ao hipnotismo.
    2 Xavier, Francisco Cândido. Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
    3 Idem
    4 Sobrinho e herdeiro de Napoleão Bonaparte. Foi o primeiro presidente francês eleito por voto direto. Suas primeiras tentativas de golpe de Estado falharam, mas, na sequência da Revolução de 1848, conseguiu estabelecer-se na política, sendo eleito deputado e, em seguida, presidente da República. Finalmente, o bem sucedido Golpe de 1851 pôs fim à Segunda República e permitiu a restauração imperial em favor de Luís. Seu reinado, inicialmente autoritário, progrediu de forma gradativa após 1859 para o chamado "Império Liberal". Implementou durante seu reinado a filosofia política publicada em seus ensaios Idées napoléoniennes e L'Extinction du Paupérismeele - mistura de romantismo, liberalismo autoritário e socialismo utópico.
    5 Fundador e diretor do Colégio Francês no Rio de Janeiro, Em 1860, publicou a tradução, em língua portuguesa, das obras "Os tempos são chegados" (""Les Temps sont arrivés") e "O Espiritismo na sua mais simples expressão" ("Le Spiritisme à sa plus simple expression").
    6 Palmeira, Vivian. "Curiosas Histórias do Espiritismo". in: "Universos Espírita", nº 49, ano 5, 2008. pp. 8-12.
    7 Eduardo Monteggia era um homem eclético
    8 Xavier, Francisco Cândido. Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
    9 Torteroli nasceu em Gênova(Itália) em 23 de setembro de 1849 e desencanado no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1928, há pesquisadores que citam o seu nascimento no dia 2 de junho de 1849 no Rio de Janeiro.  
    10 O conteúdo da mensagem foi publicada no Reformador de julho de 1950 e republicada na mesma revista em novembro de 1977
    11 Xavier, Francisco Cândido. Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
    12 Publicação mensal de Estudos Psicológicos, nos moldes da “REVUE SPIRITE”, de AIIan Kardec
    13 O Jornal do Commercio, tradicional periódico da então Capital brasileira, em artigo publicado em 23 de setembro de 1863 na seção "Crónicas de Paris", abordou os espetáculos acerca dos espíritos então populares nos teatros de Paris e, em seguida, passava a tecer comentários em torno do Espiritismo. Esse artigo é citado pela “La Revue Spirite”, onde Allan Kardec comenta que o autor do artigo não se aprofundou no estudo do Espiritismo, de cuja parte teórica ignorava os processos.
    14 Xavier, Francisco Cândido. Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
    15 Idem
    16 Em 1877 Um grupo de dissidentes da “Sociedade de Estudos Espíritas “Deus, Cristo e Caridade” funda a “Congregação Espírita Anjo Ismael”. Em 1878 outros componentes da mesma instituição reúnem-se no “Grupo Espírita Caridade”. Essas instituições, bem como o “Grupo Confúcio”, desaparecem em 1879.
    17 Em 1875, Bezerra de Menezes lê, pela primeira vez, “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, que lhe fora oferecido por Joaquim Carlos Travassos, seu primeiro tradutor em língua portuguesa.
    18 Xavier, Francisco Cândido. Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
    19 Disponível em http://www.guia.heu.nom.br/no_rio_de_janeiro.htm, acesso em 22/08/2014
    20 Xavier, Francisco Cândido. Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho, ditado pelo Espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1938
    21 A grande aspiração da quase totalidade dos espíritas brasileiros era a realização do congraçamento geral de todas as instituições espíritas do Brasil. Desde os primórdios da propaganda, manifestando-se em diferentes ocasiões, esse tema da união entre todos permaneceu na ordem do dia, sendo Bezerra de Menezes um dos seus paladinos.
    22 A expressão “pacto áureo” é atribuída a Artur Lins de Vasconcellos Lopes
    23 Resultado do acordo de união da “Liga Espírita do Estado de São Paulo”, “União Federativa Espírita Paulista”, “Federação Espírita do Estado São Paulo” e “Sinagoga Espírita Nova Jerusalém”.
    24 Os protagonistas do “pacto áureo”foram: Antônio Wantuil de Freitas, presidente da Federação Espírita Brasileira; Arthur Lins de Vasconcellos Lopes, por si e pelo Sr. Aurino Barbosa Souto, presidente da Liga Espírita do Brasil; Francisco Spinelli, pela Comissão Executiva do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita e pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Roberto Pedro Michelena; Felisberto do Amaral Peixoto; Marcírio Cardoso de Oliveira; Jardelino Ramos; Oswaldo Mello, pela Federação Espírita Catarinense; João Ghignone, presidente e Francisco Raitani, membro do Conselho da Federação Espírita do Paraná; Pedro Camargo – Vinícius e Carlos Jordão da Silva, pela União Social Espírita de S. Paulo (USE); Bady Elias Curi, pela União Espírita Mineira; Noraldino de Mello Castro, presidente do Conselho Deliberativo da União Espírita Mineira.
    25 Disponível em http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/2013/04/luz-na-mente-entrevistou-cesar-perri.html acesso 29/08/2014
    26 Atualmente o CFN é composto pelas Entidades Federativas espíritas de todos os Estados do Brasil e do Distrito Federal , bem como de um quadro de Entidades Especializadas de Âmbito Nacional
    27 Os caravaneiros foram Artur Lins de Vasconcelos (PR), que regressou de Recife, sendo substituído por  Luiz Burgos Filho (PE), Ary Casadio (SP),  Carlos Jordão da Silva (SP),  Francisco Spinelli (RS) e Leopoldo Machado (RJ)