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  • segunda-feira, 9 de outubro de 2023

    Nos países abortistas o lugar mais perigoso para um bebê é o útero materno

     



    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

    Brasília-DF


    O aborto é ilegal na Alemanha, mas não é punível se ocorrer sob certas condições.  A exceção mais frequente é a da chamada regra do aconselhamento, usada quando o aborto ocorre por iniciativa da gestante. Nesses casos, o aborto é possível se for feito até 12 semanas (3 meses) após a concepção e se a gestante comprovar que passou por uma sessão de aconselhamento.

    O aspecto mais importante é que a decisão a favor ou contra o aborto deve sempre ser da mulher grávida. Porém, a gravidez deve ser confirmada por um médico e deve ser determinada com exatidão a semana de gravidez em que a gestante se encontra.

    Em seguida, a gestante deve fazer uma consulta num centro de aconselhamento reconhecido pelo Estado, ao fim da qual ela recebe uma certidão de que passou pelo aconselhamento. Sem essa certidão, qualquer mulher que fizer um aborto pode ser processada, assim como o médico que realizar o procedimento.

    Depois da conversa de aconselhamento, a gestante tem mais três dias para refletir sobre sua decisão. Só depois desse prazo, ele pode se dirigir a um médico e fazer o aborto. Porém, médicos temem ameaças e estigmatização. Encontrar tal médico abortista nem sempre é fácil. Há anos que o número de médicos que fazem abortos diminui na Alemanha.

    Uma tendência observada por ativistas pró-vida junto aos estudantes universitários nos EUA, é a crescente aceitação do “aborto pós-nascimento”, ou seja, matar a criança depois de seu nascimento, afirmam líderes pró-vida . Os campi onde ativistas locais e membros da equipe dos “Criados Iguais” encontraram estudantes com esta opinião incluem Purdue, da Universidade de Minnesota e a Universidade Central da Florida.

    Ao comentar qualquer coisa sobre o hediondo crime de infanticídio ou aborto sempre esbarraremos com histórias monstruosas, abomináveis e desonrosas. Muitos estudiosos asseguram que "o lugar mais perigoso do mundo para uma criança nos países abortistas  é o útero da mãe.

    Chico Xavier adverte: "os pais que cooperam nos delitos do aborto, tanto quanto os ginecologistas que o favorecem, vêm a sofrer os resultados da crueldade que praticam". [1] Se os tribunais do mundo condenam, em sua maioria, a prática do aborto, "as Leis Divinas, por seu turno, atuam inflexivelmente sobre os que alucinadamente o provocam. Fixam essas leis no tribunal das próprias consciências culpadas tenebrosos processos de resgate que podem conduzir ao câncer e à loucura, agora ou mais tarde. (...)". [2]

    Os inveterados defensores dessa prática defendem o direito da mulher sobre o seu próprio corpo, como argumento para a descriminalização do aborto. Contudo, para os preceitos espíritas, o corpo do embrião não é o da mulher, visto que ela abriga, durante a gravidez, um outro corpo que não é, de forma alguma, a extensão do seu. O nascituro não é um objeto qualquer semelhante a máquina de carne, que pode ser desligada de acordo com interesses circunstanciais, porém um ser humano com direito à proteção, no lugar mais fantástico e sublime que Deus criou: o templo da vida, ou seja, o útero materno.

    Não nos enganemos, a medicina que executa o aborto nos países que já legalizaram o assassínio do bebê no ventre materno é uma medicina criminosa. Não há lei humana que atenue essa situação ante a Lei de Deus.

    Óbvio que não lançamos os anátemas da condenação desapiedada àquelas que estão submergidas no corredor escuro do aborto já perpetrado, até para que não caiam na vala profunda da desesperança. Expressamos ideias cujo escopo é iluminá-las com o fanal do esclarecimento para que enxerguem mais adiante a opção do Trabalho e do Amor, sobretudo nas adoções de filhos rejeitados que atualmente amontoam nos orfanatos. "É preciso também saber que a lei de causa e efeito não é uma estrada de mão única. É uma lei que admite reparações, que oferece oportunidades ilimitadas para que todos possam expiar seus enganos!  Errar é aprender, destarte, ao invés de se fixarem no remorso inócuo, precisam aproveitar a experiência como uma boa oportunidade para discernimento futuro.

    Referencias:

    (1)     Xavier, Francisco Cândido. Leis de Amor, ditado pelo Espírito Emmanuel, SP: Ed FEESP, 1963

    (2)     Peralva, Martins. O Pensamento de Emmanuel. Cap. I Rio de Janeiro: Editora FEB, 1978

    quinta-feira, 14 de setembro de 2023

    A culpa como gatilho da fibromialgia

     



    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

     

    O câncer da culpa está conectado à rigidez comportamental. A pessoa rígida, inflexível e “cabeça dura”, devido ao comportamento de prepotência que estrutura seu padrão mental, cria muita dificuldade para lidar com os desacertos e fracassos seus e dos outros.

    Sendo a culpa um complexo de fixação mental, e funciona em circuito fechado, ou seja, o culpado mergulha-se ensimesmado e permanece girando ao torno da culpa cristalizada, exatamente por não se perdoar diante dos seus limites e fracassos. O culpado, por não confiar em si mesmo, achando-se impotente e incapaz realimenta energias mentais deletérias provocando a formação diversas patologias, em face da toxidade energética conservada.

    A culpa está vinculada ao rigorismo comportamental e ao padrão de prepotência, ou desejo de onipotência,  que encontraremos nas pessoas controladoras, e obviamente  tal característica da personalidade rígida reverbera no corpo físico, provocando as chamadas  “doenças da rigidez”.

    Os perfeccionistas  tendem a dar uma importância superlativa a tudo que fazem, e se autoexigem, em face do orgulho manifesto. Os superexigentes são geralmente detalhistas e jamais estão satisfeitos com os resultados que obtêm.

    As patologias mais comuns da rigidez e do perfeccionismo estão ligadas às alterações ósseas e musculares, causando incômodos como dor intensa e limitações aos movimentos, prejudicando a qualidade de vida dos mesmos. A mais comum é a fibromialgia ou síndrome de amplificação dolorosa, que é uma doença musculoesquelética difusa, caracterizada por dores no corpo, fadiga e alterações no sono.

    Notamos claramente a rigidez, a inflexibilidade e o egocentrismo das pessoas que exibem o olhar para si mesmas, supervalorizando a sombra do “ego”, e que ante os fracassos inadmissíveis desmoronam-se na culpa por lhes faltar a mansidão e a humildade do arrependimento sincero.

    Como a rigidez e a culpa se correlacionam e seguem um regime de retroalimentação tóxica, poderemos compreender que diversas doenças autoimune,  o câncer, a depressão, ansiedade generalizada têm ligação com a culpa e com os padrões de inflexibilidade e intolerância psicológica individual e coletiva, sob a forma de intransigência.

    Podemos dizer que a culpa é um processo de auto-obsessão, podendo ser considerada um monoideísmo ou fixação mental. É verdade que nem sempre a culpa é acompanhada de quadros obsessivos, principalmente aqueles que ressignificam a culpa e se perdoam.

    Os que se situam em padrões de prepotência e desejos de onipotência , os donos da verdade, os rígidos e intransigentes, que não admitem os erros e fracassos acabam mergulhados nas culpas, sendo alvos preferidos dos obsessores, que nem sempre são os credores do passado, mas estão sintonizados e se adaptam com as pessoas rígidas.

    A culpa, a rigidez consigo e a mágoa como fixações mentais se expressam pela ausência do autoperdão e do perdão ao outro. Comumente a autopunição ou autoflagelo e a vingança acompanham estas fixações mentais e suscitam estados ansiosos e depressivos, assim como desarranjos nas estruturas celulares que são determinantes para múltiplas  patologias orgânicas.

    Portanto torna-se emergencial o trabalho constante e diuturno do autoacolhimento amoroso, da autoaceitação, da autoconfiança, da autovalorização e do autorrespeito do autoperdão, para o restabelecimento do sistema homeostático do corpo, da mente e da consciência.

    Acreditamos que as outras pessoas são extensões de nós mesmos, em face disso ativamos o mecanismo de projeção psicológica atirando no outro nossas sombras egoicas. Quando começamos a nos autoconhecer, nos identificando com as virtudes que somos em latência, partimos para a ressignificação do ego, que é a tentativa de compreender nossas atitudes, assim como das demais criaturas.

    A ressignificação é a abertura das janelas do autoperdão e do perdão ao outro que diluem as mágoas e as culpas conscienciais.

    Numa perspectiva profunda de saúde, ou seja, a que leva em conta as questões espirituais, psíquicas, emocionais e físicas, a fibromialgia, por exemplo,  está relacionada a processos nos quais há um bombardeio psíquico das células do corpo devido a processos como a auto rejeição, a inquietude, a impaciência, a raiva, a mágoa, o desgosto dentre outras citadas acima.

    O gatilho da auto rejeição é puxado todas as vezes que alguém rejeita a pessoa austera. É como se, em algum nível, ainda estivessem tendo a mesma reação acriançada de achar que não tem valor quando alguém demonstra ter ficado insatisfeito com ela.  Tal acontece quando a pessoa, por situações específicas pelas quais todos passamos, tais como perdas, conflitos intrapessoais (consigo mesmo) conflitos interpessoais (com as outras pessoas), equívocos que geram culpa, que ela não aceita, resultando em um processo de rejeição de si mesma e de outras pessoas. Isso gera no psiquismo uma rejeição que é projetada no próprio corpo, que responde com as dores.

    A inquietude é resultante da ansiedade produzida pela tentativa de controlar as questões externas, que dizem respeito a ações de outras pessoas que o inquieto não tem como intervir, mas mesmo assim deseja controlar, resultando em um estado de tensão que também afeta o corpo físico.

    Os Sentimentos como raiva, irritação, mágoa também geram bombardeios mentais muito intensos sobre as células do corpo, fazendo com que fiquem como se estivessem inflamadas, resultando em dores como no caso da síndrome da fibromialgia. 

    Para que haja a libertação dessas doenças da rigidez, é fundamental saber que o nosso corpo é bastante sensível ao nosso estado mental. Por isso, numa visão mais profunda das patologias e nas abordagens abrangente  da Medicina, recomenda-se o exercício das virtudes da serenidade, da calma, da paciência, da tolerância, da aceitação das coisas que não podemos mudar, da autoaceitação, do autoperdão, dentre outras, como terapêutica eficaz para que a nossa mente se aquiete e se pacifique.

    Isso irá gerar em vez do bombardeio mental, uma energia mental salutar que produzirá um bem-estar às células, que responderão com suavidade e libertação da dor pela reversão das doenças.


    terça-feira, 22 de março de 2022

    TODOS FOMOS CHAMADOS MAS....


    Jorge Hessen

    Em nosso processo evolutivo, somos convidados pelo Criador a adentrar pela porta estreita que nos conduz à vida essencial através do exercício das virtudes contidas no código moral de lei da consciencia; no entanto, ao marcharmos pela estrada da vida, quase sempre abraçamos a viciação e atravessamos a porta larga que nos transporta à ansiedade e à desdita, sob o aguilhão da preguiça moral, da empáfia, das facilidades inebriantes, da luxúria, da hipnose mental, da inveja, que repletam o mundo transitório das ilusões.

    Eis aí a abertura da perdição, porque são amplas as viciações que trazemos enraizadas em nossa milenar e sombria hegemonia do egoismo. Marchando de tal modo, a vida nos relega a assumirmos as consequências de nossas escolhas egoicas, consoante indicado na máxima do Cristo: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”. (1)

    Os escolhidos conseguem despertar as potencialidades do ser essencial, para a evolução do eu divino que somos em essência, que é infinitamente maior do que as conquistas transitórias das coisas impermanentes ao longo do tempo. Por isso, a comparação da majestática festa, onde tudo é beleza e contentamento, porque aquele que evolui essencialmente, e que passa a conhecer e conviver em harmonia com o Código moral de lei da consciência , vive de forma leve, suave , alegre e feliz.

    Resolvido o problema do Espírito, pela autoeducação, pelo esforço ininterrupto, tudo nos será acrescentado e nada nos entristecerá, nem as questões econômicas , nem as dificuldades de relacionamento, ou mesmo de saúde, porque conectados com a essência divina que somos  transcenderemos a todos os desafios fugazes da matéria.

    A rigor, naturalmente temos dois tipos de apetite: da fome material e da fome espiritual. Para atender a fome do corpo físico nos empenhamos, lutamos, lançamos mão de todos os recursos transitórios. Mas, quanto a fome espiritual, comumente não nos cuidamos. Nem queremos  saber  que temos necessidade de alimento espiritual. Ignoramos essa necessidade, e até tratamos mal os que nos oferecem.

    De fato, muitos de nós queremos cura para o corpo, resolver os problemas de ordem material, mas são raros os que querem aprender a amar, a servir, a ser útil a seu próximo. A História nos apresenta seres moralmente esclarecidos, que trabalharam para levar o alento espiritual (compreensão das Leis Divinas da consciência) e foram incompreendidos, insultados, e muitos pagaram com a própria vida, pelo fato de se amarem e amarem o seu semelhante. O exemplo maior é o do próprio Cristo.

    A rigor, todos somos convidados. Porém, não basta sermos chamados, é necessário “vestirmos a túnica”, ou seja, purificarmos os sentimentos e praticarmos a Lei de amor , justiça e caridade, a fim de reunirmos condições para sermos escolhidos na divina festança.

    Não basta saber, é preciso sentir e realizar. Não adianta tão-somente informação teórica, mas experiência transformadora. O critério da divinal  escolha depende de nós, do nosso desempenho no bem, para nos adjudicar o caminho para a Vida Maior.

    Jesus, referindo-se à Divina Ascensão para a Vida Maior disse que “serão muitos os chamados e poucos os escolhidos” para o reino dos céus. Isso quer dizer que, sem chamada, não há escolha. Mas se estamos claramente informados de que a chamada vem de Deus, atingindo todas as criaturas na hora justa da evolução, só a escolha, que depende do nosso discernimento e exemplicação de amor, nos confere caminho para a Vida Maior.

    Sobre a questão de um dos chamamentos especiais, recordamos o Espirito Emmanuel , citando Francisco de Assis na monumental obra “A caminho da Luz”, informando que na Idade Média  os apelos dos Benfeitores da Humanidade insistiram para que a igreja romana oferecesse a aplicação do código do amor e da fraternidade em todas as direções. Até porque, os movimentos tidos como “heréticos” (para os bispos da Cúria) germinavam por toda parte onde existisse consciências livres e corações sinceros, contudo, as autoridades eclesiásticas estorvaram os apelos do Alto.

    No início do Século XIII, o combate contra os “hereges” abarcou o espaço de duas décadas, quando componentes do alto clero da Cúria de Roma deliberaram o baldrame do tribunal da penitência. O desígnio era precipuamente disfarçar tal empreendimento à guisa de  administradora imperativa de suposta unificação religiosa, contudo o objetivo real era alargar a extensa autoridade clerical sobre as consciências livres.

    Em verdade, se a Inquisição absorveu as autoridades da Igreja, antes da sua fundação, como notamos acima, do mesmo modo preocupava os Benfeitores do além, motivo pelo qual, foram providenciados medidas de renovação educativa em chamadas específicas.

    Portanto, dentre tais convocados transcendes observamos a consolidação da reencarnação do ínclito filho de Assis. Isso foi marcante, porque a convocação e a atividade de Francisco iria ser reformista sem os choques próprios da verborragia, porque o seu sacerdócio seria o exemplo na pobreza e na mais absoluta humildade.

    Nem por isso, o clero entendeu que a lição franciscana  lhe dizia respeito e, ainda uma vez, não abrigou os convites dos Operários Divinos. A diligência atuante do filho da Úmbria, não logrou decompor o furor de domínio dos pontífices romanos, porém deixou traços cintilantes e indeléveis da sua passagem na Terra. Seu exemplo de simplicidade e de amor, de singeleza e de fé, contagiou numerosas criaturas, que se entregaram ao mister de regenerar almas para Jesus.

    De fato, os seguidores de Francisco , não aderiram a porta larga e nem  repousavam à sombra dos mosteiros, na falsa quietude sob a inócua contemplação, pois que reconheciam que a melhor oração, para Deus, é a da porta estreita do trabalho útil, no aprimoramento do mundo e dos corações pelos exemplos de renúncia.

    Aliás, os discípulos do conspícuo filho da Úmbria destacam no exercício do amor a universalização  das profundas reflexões  da memorável oração. E, quando decodificamos o cântico de Francisco, à primeira vista temos a impressão que o filho de Assis apenas nos convida a sairmos por aí (esmolando), distribuindo coisas (materiais) a serem entregues aos esfaimados, porém, na verdade, a grande proposta de Francisco é que mergulhemos em nós mesmos para que  onde houver o ódio em nosso mundo  interior levemos amor; onde houver ofensa em nosso coração que plantemos o perdão.  

    A oração de Francisco é um convite para trilharmos um caminho de aprendizado e autotransformação e tem o código moral de leis como referência máxima a fim de que possamos trilhar pelas vias da consciência.

    Recordemos que Jesus nos convidou “vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo“.(3  Se aceitarmos esse convite , observaremos na oração de Francisco de Assis um roteiro seguro de como fazer isso, seguir o caminho do Evangelho para sermos escolhidos na condição de aprendizes do Governador planetário.

    Em todas as iniciativas humanas, somos chamados para realizações nobres e, no entanto, cobertos pela sombra dos egos (evidente e mascarado), prontamente desinteressamo-nos de avançar por ausência de retorno compensador ao vazio existencial, absorvendo-nos e entulhando-nos de ansiedades e ações no afã de aquisição de coisa vãs.

    Destarte, ao galgarmos a estrada da evolução, faz-se mister a prudência, a temperança, a fé, a esperança, a caridade, percorrendo o caminho das lutas, dos obstáculos, dos sacrifícios, esforçando-nos para o autoaperfeiçoamento. Deste modo, permaneceremos nos aparelhando para um porvir de contentamento e felicidade.

    É uma estrada árdua, bem sabemos, pois impõe ser trilhada com cuidado, examinando onde penetrar, porque poderemos levar longo tempo para retomar o caminho que nos é próprio, e entendendo, definitivamente, a importância do vigiar e orar tão alertado por Jesus.

    Encontramo-nos envoltos em ações iluminativas cada vez mais austeras. Naturalmente arrostando as lutas, adquirimos sabedoria e ascendemo-nos recorrendo à oração como fonte de energia, inelutavelmente triunfaremos sobre as dificuldades que já não nos serão intransponíveis na caminhada, mas apenas uma experiência desafio no processo de autoevolução.

    Portanto, na admoestação “muitos são os chamados e poucos os escolhidos” (2) para ingressarmos nos “Recintos celestiais”, metaforizado na majestosa festa, onde tudo era felicidade e alegria,  podemos compreender como um convite para a evolução essencial, consoante a afirmativa de Jesus, que o “Reino divino” está em nossa própria consciência.

     

    Referências:

    1) Mateus, 20:16-20

    2) idem, 22: 1-14

    3) idem, 11:28-30

     

    quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

    O “aqui e agora”

     


    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

     

    Muitas pessoas convivem sob tremendos conflitos de ansiedades, sobretudo quando os minutos e as horas se arrastam aos seus olhos, adiando a satisfazer-lhes naquilo que creem necessitarem o/ou desejarem. A rigor, o tempo os confunde.

    À guisa de ilustração, vejamos que inúmeras  vezes percebemos os sessenta minutos de alegria como o arroubo da fração de um segundo e doutras vezes o advir de um minuto de ansiedade parece persistir uma eternidade! Em face disso, importa refletir que somente a diligência, e não a correria será capaz de tornar a experiência do tempo mais produtivo , possibilitando penetrarmos no orbe das aspirações plausíveis.

    Será que Deus nos oferece demasiado tempo em certas conjunturas? Alguns se indagam quais os pretextos pelos quais o Criador consente ao homem maléfico um delongado tempo de vida física.

    Por quais razões Deus não bloqueia ou inviabiliza o desempenho reencarnatório daqueles cujo egoísmo, ambição e maldade são mais aguçados do que a virtude do amor? Por que o Criador não encurta o tempo de vida dos facínoras, admitindo no mundo tão-somente os seres mais moralizados?

    A resposta é simples e intensa: porque Deus não penitencia suas criaturas, ao invés disso, aplica o tempo e não a violência para corrigir.

    Por que o tempo nos fascina tanto e rege, de maneira implacável, as nossas vidas? Que noção de tempo trazemos em nós? Para Einstein, o tempo só existe em relação ao espaço. Se viajarmos no Universo numa nave espacial, o tempo passará mais lentamente em relação aos padrões de tempo que deixamos na Terra.

    A rigor, na experiência  terrena tudo na nossa vida depende do tempo: os compromissos, as memórias e até os planos futuros. Contudo , uma equipe de investigadores da Universidade de Harvard e do Instituto Astellas de Medicina Regenerativa tem sugerido que, afinal, o tempo é algo completamente subjetivo e só existe na mente de cada um.

    Na verdade, a noção de tempo acompanha o ser humano desde os primórdios de sua evolução, nos instantes em  que o homem começou a filosofar sobre a natureza.  Hoje, o padrão de tempo para fins científicos é uma contagem contínua de segundos determinada não através de múltiplos relógios atômicos espalhados ao redor da Terra, sendo conhecido como Tempo Atômico Internacional (TAI). Além disso, o padrão de tempo atual conforme estabelecido pelo Sistema Internacional de Unidades (S. I.) tem por base os princípios da relatividade, tendo por modelo periódico as oscilações da radiação eletromagnética.

    É por isto que, por subidas razões, os Espíritos esclarecidos não nos desviam para os ardis dos tempos cronológicos ou nos induzem para os cipoais dos prazos impostos. Não faz sentido lógico profecias coercitivas! As suas alusões são outras.

    Os antigos gregos tinham duas medidas de tempo, vinculadas a deuses diferentes: Chronos ligado às coisas materiais e Kairós ao momento oportuno. Entretanto, a certeza da  imortalidade da alma altera o nosso conceito de tempo. Mister é considerar que o tempo da nossa realidade essencial é medido pelas diversas experiências suportadas individualmente. É o tempo do nosso aprendizado, que pode ser mais longo ou encurtado, porém, firmemente vinculado ao nosso tempo consciencial.

    Façamos uma ligeira digressão sobre o presente (“aqui e agora”). O que refletimos sobre isso? Permanecemos hipnotizados no retrovisor do pensamento sob o guante da pós-ocupação, olhando para o pretérito, paralisando o “aqui e agora”? Será que estamos preocupados com o futuro, abafando o “aqui e agora”, algemados na ansiedade?

    Quantas vezes promovemos vãs tentativas de dominar ou conter o tempo, entretanto o “aqui e agora” é o tempo da vida, sim! É uma dádiva, um valiosíssimo presente de Deus. É este o momento que nos ajeita os ensejos para adaptar o futuro e aplacar os equívocos do antanho.

    Obviamente, o tempo do Criador não é o tempo da criatura! O tempo de Deus é primoroso, não há anacronismos. O tempo do Dono do Universo dimana para execução do Seu desígnio ou vontade. Não há passado e nem futuro. Ninguém consegue medir ou cronometrar, todavia o tempo divino atua na história da criatura consoante à vontade do adorável Criador.

    Muitos temem a passagem do tempo, por causa da velhice, da enfermidade e da morte. Contudo, é um temor bastardo que carece ser dissipado, sopesando a visão do tempo infindo que nos impulsiona na senda da evolução como espíritos imortais que somos rumo a pura, completa e eterna felicidade.

     

    Jesus jamais transigiu com a impostura religiosa

     


    Jorge Hessen

    jorgehessen@gmail.com

     

    Imaginemos o dantesco panorama das eras apostólicas em que uma mulher foi flagrada em adultério. Adeptos da religião extrínseca, fanatizados pela sentença rigorosa da Lei judaica, arrancaram-na da cama e a arrastaram até o lugar em que Magno Rabino se encontrava. A adúltera gritava Clemência! Compaixão! enquanto era arrastada; seus indumentos iam sendo dilacerados e sua pele sangrava esfolando-se no chão rugoso.

    Neste episódio, tradicionalmente conhecido por muitos cristãos, durante a estada terrena de Jesus, topamos com um dilema evidente entre a diferença do religioso escravo à religião extrínseca e o verdadeiro sentido moral da indulgência e da religiosidade intrínseca.

    No episódio acima, percebemos a sustentação farisaica da religião extrínseca do castigo, do medo e da angústia, numa circunstância que são destacados religiosos prisioneiros aos aspectos formais da lei mosaica, completamente distantes do correspondente sentido da religiosidade intrínseca na sua essencial pureza de origem.

    Nos códigos de Moisés, aquela mulher, pega em adultério, não encontraria nenhuma brecha de escape, precisava mesmo ser lapidada até à morte. Observa-se que diante da dura e inflexível lei escrita pelo patriarca do Monte Sinai, a veemência pelas normas e preceitos, com certeza, estavam acima do valor da vida humana.

    Na verdade, os escribas e fariseus utilizaram aquela mulher, expondo-a perante a multidão, simplesmente, para a execução de seus pérfidos desígnios, que era conseguir pegar em flagrante Jesus em possível contradição dos seus Princípios Essenciais. Naquele contexto, compreendemos que a religião extrínseca dos judeus, no seu formalismo atroz, era induzir o homem a desempenhar o juízo implacável, o medo, a angústia e não a clemência. Obviamente desconheciam que a religião intrínseca (Cósmica) deve ter as suas estirpes estreitamente unidas ao amor, à justiça e a caridade.

    A propósito o Mestre jamais transigiu com a impostura religiosa. A prova é que usou de todo o rigor com os escribas e fariseus, considerando-os puritanos camuflados de virtudes. Apesar disso, Jesus foi indulgente com as pessoas de “má vida”, com o bom ladrão, com as prostitutas e especialmente com aqueles que O insultaram e condenaram na cruz, dando a entender que ser religioso extrínseco (puritano) é mais degradante que ser adúltera, ladrão (Dimas), corrupto (Zaqueu)e cortesã (Madalena).

    Em abreviada divagação sobre as religiões extrínsecas (dogmáticas), trazemos para discussão  o artigo Cosmic religion de Albert Einstein, contido no livro Out of my later Years ,onde é publicado as coerções das autoridades escravizantes e encarcerantes da religião extrínseca (sectária).

    Einstein acerca-se da questão da religiosidade intrínseca como sendo a nossa comunhão perfeita com o Criador, sopesando a superfluidade dos procuradores intermediários do Senhor da Vida, habitualmente impondo práticas coativas, punitivas e negocistas de coisas “sacras”, sob o tacão das obrigações dos pactos impudicos.

    No nível elevado de religião cósmica conseguimos nos conectar com liberdade nas coisas e circunstâncias mais profundas do Universo. Livres, construímos uma relação profundamente harmoniosa, a partir da qual nos abastecemos da energia amorosa do Criador da Vida.

    Numa relação de subnível religioso Einstein denominou a religião do medo quando o homem teme a Deus e rende culto externo para ser supostamente protegido das adversidades da vida, alimentando sempre a insegurança e temor dos castigos do Deus extrínseco.

    Noutro desnível de subserviência religiosa o Pai da Teoria da Relatividade denominou de religião da angústia aquela em que o homem é totalmente manipulado pelas castas sacerdotais dotadas de poderes para advogarem junto ao Deus antropomórfico alvitrando libertação das angústias sociais os seus seguidores.

    Já no elevado nível da religiosidade intrínseca Einstein nomeia de religião cósmica. Recordando que os grandes gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por possuírem este senso de religiosidade intrínseca cósmica. Por não reconhecerem necessidades dos dogmas e muito menos um Deus concebidos a imagem humana.

    Por isso, a religião dita tradicional abomina a religião cósmica sugerida por Einstein. Até porque, é precisamente entre os denominados heréticos de todos os tempos, afirma o Gênio da física,  que encontramos homens que foram inspirados por essa elevada experiência religiosa cósmica, porém, foram considerados eventualmente pelos seus contemporâneos como ateus, ou até às vezes também como os santos.

    Por este ângulo, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Espinoza se assemelham. Como pode o sentimento religioso cósmico intrínseco ser transmitido de uma pessoa a outra se ela destrói a noção limitante de Deus e a dogmática teologia humana?

    Na perspectiva do Einstein a função mais importante seja da arte e da ciência consiste em despertar e manter vivo este sentimento de religião cósmica em todos os que sejam receptivos a Deus. O homem que está profundamente convencido da função universal da lei da causalidade não pode considerar a ideia de um Deus qual um ser mesquinho que interfere no curso dos acontecimentos mais comezinhos.

    O homem que está profundamente convencido da função universal da lei da causalidade não cede espaço para uma religião do medo, nem mesmo uma religião social ou moral que o aprisiona. De modo algum pode conceber um Deus que recompensa e castiga, já que o homem é regido pelo código moral de leis da consciência.  Por este motivo, historicamente a ciência foi incriminada de prejudicar a moral, contudo isso é um equívoco das religiões extrínsecas.

    E como o comportamento moral do homem se fundamenta eficazmente sobre a simpatia ou os compromissos sociais, de modo algum implica uma base religiosa hierarquizada,  teológica e dogmática que impõe castigos para a mantença de falsas virtudes sob o tacão da angústia e o medo entre os homens.

    Com a mulher adúltera Jesus tinha todos os pretextos para pronunciar: De hoje em diante, sua vida me pertence, você deve ser minha discípula. Os líderes religiosos extrínsecos usam seu poder para que as pessoas os aplaudam e gravitem em sua órbita. Mas Jesus, apesar do seu descomunal poder sobre a mulher, foi desprendido de qualquer interesse. Vá e revise a sua história, cuide-se. Mulher, você não me deve nada. Você é livre!

    O Mestre deu-nos o exemplo através do perdão, recomendando a ponderação da não reincidência pelo esforço da vigília “vá e não peques mais”. Assim, deu à adúltera a oportunidade de retomar o curso da vida, sob um novo roteiro de não mais prevaricar naqueles mesmos lapsos morais.

    Allan Kardec ressalta que a autoridade para condenar está na razão direta da autoridade moral daquele que julga. (1) A advertência é para que não nos esqueçamos desse nosso compromisso com o Mestre, que no seu Evangelho deixou o código de conduta seguro para seguirmos adiante com firmeza e confiança: “faça ao outro aquilo que deseja seja feito a você”; “ame ao próximo como a si mesmo”; “não julgueis para não serdes julgados”.

    Em síntese, o Espiritismo  é a mais esplendorosa proposta do livre pensamento  e o mais possante apelo para o pleno exercício da religiosidade intrínseca.

    Referência:

    1 - Kardec Allan, O Evangelho segundo Espiritismo, Capítulo X, item 13